sábado, 21 de novembro de 2009

O chat...

O chat: uma interface possível

Dariluce Gomes da Silva

Abro este post hoje com um fragmento do texto “Internet na escola e inclusão”, de Marco Silva (2003), Boletins 2004, SALTO PARA O FUTURO. Prestem muita atenção às ideias veiculadas por ele:

“O Chat é um espaço online de bate-papo síncrono (com hora marcada) com envio e recepção simultâneos de mensagens textuais e imagéticas. Professor e aprendizes podem propor o tema e debatê-lo. Podem convidar outros participantes do curso e colaboradores externos, agendando dia e hora. Os temas podem ser vinculados às unidades ou atividades do curso, porém muitas vezes tomam rumos próprios numa polifonia favorável ao estreitamento dos laços de interesses e desbloqueio da participação. O Chat potencializa a socialização online quando promove sentimento de pertencimento, vínculos afetivos e interatividade. Mediado ou não, permite discussões temáticas e elaborações colaborativas que estreitam laços e impulsionam a aprendizagem. O texto das participações é quase sempre telegráfico, ligeiro, não-linear e próximo da linguagem oral, efervescente e polifônico. Pode ser tomado como documento produzido pelo grupo e enviado para o cursista que não pôde estar presente. Não necessariamente como mediador do Chat, o professor cuida da co-presença potencializada em mais comunicacional. No lugar da obrigação burocrática em torno das atividades de aprendizagem, valoriza o interesse na troca e na co-criação da aprendizagem e da comunicação. Não apenas o estar-junto online na base da emissão de performáticos fragmentos telegráficos, mas o cuidado com a expressão profunda de cada participante. Não apenas o esforço mútuo de participação para ocupar a cena do Chat, mas a motivação pessoal e coletiva pela confrontação livre e plural. Não apenas a Torre de Babel feita de cacos semióticos caóticos, mas a teia hipertextual das participações e da inteligência coletiva. Mesmo que cada participante seja para o outro apenas uma presença virtual no fluxo das participações textuais-imagéticas, há sempre a possibilidade da aprendizagem dialogada, efetivamente construída.”

Vocês já conheciam tal fragmento, evidentemente...

Feita a leitura do supracitado texto na íntegra (não apenas desse fragmento, quero crer) e de mais um, intitulado “Educação a Distância na universidade do século XXI”, fomos para o chat na sala da Rede Vivo Educação.

Sala tão aberta e democrática que tivemos um observador totalmente silencioso (iniciais “A. de F.”) enquanto muitos tentavam falar, outros tentavam ser “ouvidos”, vários estabeleciam a dialogia e outros, por fim, se maravilhavam ou se decepcionavam com a rapidez comunicativa, com a polifonia que se instaurava naquele ambiente. Alguns participantes, em pânico, cobravam da professora uma postura mais diretiva, uma “colocação de ordem no caos” comunicacional que ali se estabelecia.
Foi um momento muito bacana, com participações incisivas, contundentes, em que alguns participantes buscavam “culpados” para os problemas relacionados ao acesso às tecnologias e à incipiente formação docente. Outras participações mais tímidas tentavam diluir a culpabilidade no processo, atribuindo a vários fatores o precário acesso às TIC’s. E outros ainda se desesperavam com a possibilidade de estarmos perdendo o foco da discussão... Um ainda falou em resiliência, em flexibilização por parte dos aprendizes da tecnologia, que somos todos nós. E outros ainda comunicavam as ideias referentes ao texto lido com clareza, maestria e agilidade, sem perder o famoso “foco”...

Na interface que empregamos hoje, ou seja, neste “espaço online de encontro e de comunicação entre duas ou mais faces” (SILVA, 2003), vivenciamos um breve e fugaz momento de “integração, sentimento de pertença, trocas, crítica e autocrítica, discussões temáticas, elaboração, colaboração, exploração, experimentação, simulação e descoberta”. Foi um recorte que se estabeleceu neste dia 20/11/2009, Dia da Consciência Negra, dia de percebermos que a vida é um caleidoscópio de emoções, de culturas, de pessoas e “educações” e de admitirmos que é sempre possível se aprender algo ao utilizar o chat como interface no ensino, na comunicação. Ainda que seja a tolerância e o respeito à diversidade. Não poderia ter havido dia mais propício para este encontro!

Beijos a todos e obrigada por terem participado deste laboratório de aprendizagem!

Sejam bem-vindos!!

Este blog destina-se à veiculação de textos relacionados à prática docente, bem como ao relato de experiências e exposição de emoções do universo educativo. Entre, olhe e colabore deixando o seu comentário!